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ESG na indústria como pilar cultural para um novo mercado 

Foto: divulgação

Por Simone de Azevedo, sócia e diretora comercial da Mobensani.

Nos últimos anos, a sigla ESG (do inglês Environmental, Social and Governance) deixou de ser apenas uma tendência e se consolidou como um elemento essencial no mercado corporativo e financeiro global. 

Representando a avaliação de como empresas gerenciam questões ambientais, sociais e de governança, além de redefinir as práticas industriais em diversos setores, a adoção a uma agenda ESG, mais do que uma tendência, tornou-se um pilar essencial para a perenidade das empresas em um mercado cada vez mais exigente e consciente.  

Segundo a Bloomberg Intelligence, os ativos globais vinculados à agenda ESG devem ultrapassar US$ 53 trilhões até 2025, refletindo sua consolidação como força estruturante no mercado mundial, incentivando investidores e empresas a alinhar suas operações com objetivos de sustentabilidade e responsabilidade. 

No Brasil, o impacto também é expressivo. Dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostram que o volume de ativos em fundos ESG no país registrou crescimento exponencial e este aumento demonstra a crescente adesão de investidores a critérios que promovem impacto positivo, não apenas no meio ambiente, mas também na sociedade e na governança corporativa. 

Ainda no contexto brasileiro, o comportamento do consumidor também demonstra que práticas ESG são mais do que um diferencial competitivo. De acordo com uma pesquisa da Nexus, 26% dos brasileiros deixam de admirar marcas que não implementam práticas ambientais, sociais e de governança, evidenciando que os consumidores estão atentos às ações corporativas. Essa mudança cultural impulsiona as empresas a redefinirem suas prioridades e mostra que a agenda ESG já impacta diretamente a reputação e a sustentabilidade dos negócios. 

O papel da agenda ESG na indústria automotiva

O setor automotivo está no epicentro de desafios como a transição energética, a mobilidade sustentável e a mitigação dos impactos ambientais. Para atender às demandas de um mercado cada vez mais consciente e regulado, o setor vem investindo em inovações tecnológicas e mudanças estruturais profundas. 

No Brasil, o Programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação) surge como uma iniciativa estratégica para alavancar a sustentabilidade na fabricação de veículos. Este programa do Governo Federal visa posicionar o Brasil como um líder global no combate às mudanças climáticas, oferecendo incentivos fiscais de R$ 19,3 bilhões entre 2024 e 2028 para empresas que investirem em pesquisa e desenvolvimento (P&D), além de projetos de produção sustentável. 

No entanto, adotar práticas ESG vai além de responder às regulamentações ou aproveitar incentivos. Trata-se de repensar o modelo de negócios com uma visão de longo prazo, integrando a sustentabilidade às operações e processos industriais. 

Nesse sentido, as montadoras e indústrias dos diferentes nichos do mercado automotivo podem liderar essa transformação e não só contribuir para um futuro mais sustentável, mas também encontrar novas fontes de valor ao explorar a interseção entre inovação, eficiência e impacto socioambiental positivo. 

Lucro e sustentabilidade: um caminho de convergência

Durante muito tempo, o conceito de sustentabilidade foi, de forma equivocada, percebido como um empecilho à lucratividade. No entanto, o avanço da agenda ESG está desafiando essa perspectiva, demonstrando que é possível aliar responsabilidade corporativa a resultados financeiros positivos. 

No setor automotivo, empresas que adotam práticas ESG conseguem melhorar sua reputação e fortalecem sua resiliência em um mercado altamente dinâmico. Um dos exemplos mais evidentes dessa convergência é o papel da inovação tecnológica. 

A busca por soluções que consideram aspectos sustentáveis em sua cadeia industrial é um fato que cria novas oportunidades de mercado e reduz custos operacionais no longo prazo.  

Além disso, práticas consistentes de ESG atraem talentos que valorizam organizações alinhadas aos seus princípios, fortalecendo as equipes, a competitividade e a cultura das empresas. O compromisso com ESG também tem o poder ainda de redefinir as relações com os investidores, que estão cada vez mais atentos ao impacto social e ambiental das empresas em que investem. 

Para o setor automotivo, isso significa, por fim, que empresas que se comprometem com essa agenda podem, além de acessar novas fontes de financiamento, se posicionar como líderes em um mercado em constante transformação.  

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