Por Rodrigo Terra, sócio da Monking.
Nos últimos quatro anos, o podcast e o videocast deixaram de ser uma curiosidade nichada para se tornar um dos ativos mais estratégicos na construção de marcas.
Em um cenário pós-pandemia, vimos os podcasts ganharem força em 2022 com o avanço dos videocasts, tornando-se uma nova forma de diálogo entre marcas, pessoas e comunidades inteiras.
O relatório DataReportal aponta que o Brasil é o país que mais consome conteúdo por podcasts no mundo, com 42.9% de usuários de internet, com idade entre 16 e 64 anos, que escutam podcast toda semana.
O que antes era uma solução para projetos isolados hoje é peça central em estratégias robustas de comunicação institucional, geração de demanda e posicionamento.
Em tempos de excesso de ruído, conquistar atenção não é suficiente, é preciso gerar conexão, e poucos formatos entregam isso como os videocast.
Enquanto as redes sociais impõem conteúdos cada vez mais curtos, os videocast andam na contramão. São espaços de escuta ativa e aprofundamento, onde é possível mostrar nuances, valores e verdades que não cabem em um post de 15 segundos. Ao abrir tempo para conversas mais longas, as marcas conquistam algo raro no mercado: atenção qualificada.
Segundo o professor de Marketing da NYU’s Stern School of Business, Scott Galloway, durante sua palestra no SXSW 2025, os podcasts crescem mais rápido do que a Meta ou o Google em receitas de anúncios e o número de podcasts no mercado passa de 3 milhões, sendo 600 mil publicações semanais.
Mais do que um conteúdo, o videocast se transforma em um ativo estratégico. Ele gera não só autoridade e reputação, mas também material de vendas, cortes para redes sociais e conteúdos em múltiplos formatos.
A partir de uma única gravação, é possível extrair vídeos de 15 segundos ou de qualquer duração, adaptados para campanhas de tráfego, conteúdo orgânico, newsletters ou materiais institucionais. Além disso, abre caminhos para relações que dificilmente se constroem em outras frentes.
Em vez de cold calls que dificilmente viram reuniões, o convite para uma conversa em um podcast se transforma em um primeiro ponto de contato relevante e, muitas vezes, na porta de entrada para negócios concretos.
Uma ponte entre startups, hubs, investidores e grandes marcas
Os videocast também facilitam o networking em diferentes níveis do ecossistema. Criam um espaço seguro onde executivos, fundadores, especialistas e representantes de grandes empresas compartilham visões com profundidade e humanidade.
Ao entrevistar players estratégicos, como o head de inovação de uma multinacional ou um investidor relevante, conseguimos alinhar o discurso da marca com temas sensíveis e urgentes para o mercado, como saúde mental, IA e diversidade, ESG, etc.
Não existe fórmula secreta para um podcast relevante. Existe consistência, conexão e verdade. Existe cuidado com a experiência, com o som, com a linguagem da plataforma.
E existe uma estratégia de integração com outras mídias: os cortes de um episódio podem virar criativos para campanhas de tráfego, conteúdo orgânico, e até material de captação de clientes.
Nos próximos três anos, o videocast deve se consolidar como um dos principais meios de posicionamento para marcas que buscam relevância no médio e longo prazo.
Não é uma moda, é uma resposta à sede por profundidade em um mercado raso. Galloway acredita que haverá uma migração das marcas de noticiários e canais de massa para os podcasts, já que é um formato mais eficiente na hora de atingir públicos específicos.
Produzir um podcast/videocast é construir reputação de forma contínua. E, no fim das contas, reputação ainda é o ativo mais valioso que uma marca pode ter.