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Telas digitais influenciam escolha e ampliam ticket no varejo de bebidas

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Por Paulo Moratore, head da unidade de Retail Experience, da Selbetti.

O varejo de bebidas no Brasil navega de vento em popa, mantendo um ritmo consistente de crescimento, tanto para as bebidas alcoólicas, como para energéticos, refrigerantes, água, chás e sucos.

O faturamento anual da categoria chegou a R$ 62,9 bilhões, resultado que representa crescimento de 12% em valor e aumento de 7,5% no volume de unidades vendidas, de acordo com o índice Meu Fornecedor, elaborado pela NielsenIQ + ABRAS.

E, apesar dos bons números, o setor varejista tem buscado novas formas de conquistar o consumidor no PDV.

Mais do que nunca, a disputa pela atenção do cliente acontece diante das gôndolas: ao menos 73% dos consumidores decidem a compra de um produto específico já dentro da loja, segundo o relatório da NielsenIQ.

Nesse contexto, tecnologias como telas digitais interativas e inteligência artificial estão ganhando força como aliadas estratégicas para influenciar a decisão de compra e impulsionar o ticket médio no varejo de bebidas.

Pesquisas recentes apontam que 73% das decisões de compra acontecem dentro da loja. Nesse cenário, as telas digitais ampliam a visibilidade de marcas e estimulam compras cruzadas, aumentando o ticket médio.

Um estudo publicado no Journal of Retailing (2024), que analisou mais de 7 mil consumidores, mostrou que promoções exibidas em telas digitais aumentaram em até 30% os gastos com itens localizados em outros corredores, justamente porque o display funcionava como lembrete durante a jornada de compra.

No varejo de bebidas, isso abre espaço para iniciativas criativas: um painel na seção de carnes pode destacar cervejas em promoção, enquanto uma tela na padaria sugere vinhos para harmonizar com queijos.

O dinamismo das imagens em movimento captura a atenção e conduz o consumidor até a categoria de bebidas, transformando conveniência em oportunidade de venda.

Sommelier digital: experiência personalizada

Muitas dessas telas inteligentes já vêm acopladas a sistemas de IA, levando a experiência a outro patamar. Um exemplo disso é o surgimento dos “sommeliers digitais”, assistentes virtuais que revolucionam a forma de recomendar produtos nas lojas.

Imagine um totem interativo na seção de vinhos: em vez de folhear um guia impresso ou depender da ajuda de um atendente, o próprio cliente toca na tela e informa suas preferências.

Em segundos, a inteligência artificial analisa o catálogo da loja e indica o rótulo ideal para aquele perfil, muitas vezes sinalizando na própria gôndola onde a garrafa está.

Algumas soluções nem exigem toques: grandes redes supermercadistas lançaram sommeliers virtuais com reconhecimento de voz, o cliente simplesmente diz o que procura, e a assistente digital apresenta as opções recomendadas, cruzando dados do banco de dados e atualizando o inventário em tempo real.

Estudos apontam que 58% dos vinhos expostos numa loja nem chegam a receber atenção do comprador, e que não raramente clientes gastam até 8 minutos decidindo qual garrafa levar.

A falta de informação e o excesso de opções geram insegurança a ponto de parte das pessoas desistir da compra ou optar sempre pelo rótulo já conhecido, ou pelo mais barato, apenas para não errar.

É justamente aí que a assistência digital faz diferença: com uma recomendação objetiva na tela, o cliente ganha confiança para experimentar algo novo em vez de ficar paralisado pela indecisão.

Independentemente do formato do ponto de venda, seja um supermercado de bairro ou um centro de atacado, as telas trazem uma nova dimensão de visibilidade e engajamento que beneficia tanto o consumidor, com mais conveniência e informação, quanto o varejista, com incremento nas vendas.

Do lado do negócio, além do ganho imediato em vendas e no ticket médio, as telas abrem caminho para novas receitas: muitas redes já rentabilizam seus painéis digitais vendendo espaço publicitário para fornecedores e marcas parceiras.

As telas digitais, com soluções de inteligência artificial, deixaram de ser apenas um diferencial futurístico e tornaram-se pilares de um varejo de bebidas mais atraente, eficiente e competitivo, agora e no futuro.

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