Por Felipe Gomes, CEO da ContaFuturo.
Os novos meios de comunicação e as redes sociais se multiplicaram e evoluíram muito nos últimos anos. Diariamente surgem temas e situações que são debatidos e divulgados em grandes proporções. Com a educação financeira não foi diferente.
Conforme o levantamento mais recente do Serasa, de janeiro de 2023, a inadimplência no Brasil teve um crescimento significativo. O aumento foi de mais de 600 mil pessoas, o que significa dizer que 70,09 milhões de brasileiros estão endividados e com o nome restrito. No bloco dos inadimplentes, 34,8% estão na faixa etária entre 26 e 40 anos, e 34,7%, entre 41 e 60 anos.
Se a educação financeira é tão debatida, por que o efeito parece ser o oposto? Porque ela é muito mais do que um conhecimento, é uma habilidade que nunca envelhece e que precisa ser reciclada constantemente, além de ser essencial para que você consiga cuidar melhor do seu dinheiro, ter mais qualidade de vida e manter as finanças em dia.
Ouso dizer que não é cortando o cafezinho que você vai conseguir estabilidade. O grande vilão da inadimplência está na falta de conhecimento da sua realidade. É de suma importância tirar um tempo com a família para entender e anotar as despesas mensais recorrentes e as despesas variáveis advindas de um imprevisto. Outro ponto importante para ter atenção são as contas anuais que costumam ser compromissos de todo começo de ano e que precisam estar na ponta do lápis. O ideal seria guardar uma quantia mensalmente para essas despesas, porque quando não estamos preparados a conta pode não fechar.
Segundo pesquisa do Banco Central e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), 70% das pessoas economicamente ativas no país gastam todo ou mais dinheiro do que ganham. Isso confirma o quão necessário e urgente é ter controle das contas, realizar os cortes necessários e conhecimento sobre educação financeira.
Com o orçamento equilibrado, outro ponto importante são as metas. Aqui, quero propor que você comece a sua reserva de emergência, que é uma espécie de poupança para cobrir despesas em caso de imprevistos. Ainda não há consenso entre os profissionais de finanças sobre o valor, mas a maioria indica algo que cubra as despesas de um período entre seis meses e um ano, pelo menos. Como isso pode estar distante da realidade de muitos, quero propor que você guarde o que conseguir, seja R$ 100 ou 1 mil reais do seu salário ao mês e coloque em produtos com resgate diário, como CDBs, Tesouro Selic ou Fundos DI.
Cada situação é única e não podemos ter vergonha de falar sobre dinheiro. Envolva seu (sua) parceiro (a) e filhos (as) na luta contra o dinheiro negativo. Eles precisam estar cientes da condição econômica da casa, sabendo o quanto de dinheiro há disponível por mês, quanto é possível gastar e o que será preciso cortar. Ao colocar um objetivo a ser alcançado em conjunto, todos sonham e se fortalecem juntos.