Por André Dib, CEO da Framework Digital.
Não existe praticamente nenhum setor ou atividade humana que tenha passado de forma imune às transformações geradas pelos avanços da tecnologia. Até porque, é difícil estar alheio ao surgimento de novas ferramentas que contribuam para o aumento da produtividade e a automatização dos serviços. Uma das áreas que vem convivendo com essas transições de forma mais intensa é a do agronegócio. Responsável por quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB), o setor é encarregado por impulsionar a cadeia de alimentos, além de ser um dos pilares mais importantes para a economia do país.
No entanto, se antes o trabalho dependia quase que exclusivamente do tamanho da terra disponível e do conhecimento e ‘sorte’ do produtor, hoje o segmento pouco a pouco vem se reconfigurando por meio das tecnologias. O resultado desse movimento é capaz de ampliar o rendimento e a qualidade da produção, ao elevar em até 60% o controle e a eficácia das plantações, segundo estudo publicado pelo ConectarAgro.
Para isso, o agronegócio conta com a contribuição de diversas ferramentas importantes, dentre as quais se destacam as tecnologias voltadas a IoT e sensores, que permitem a coleta de dados em tempo real, facilitando o monitoramento do solo, trazendo clareza sobre o clima e a saúde das plantas. Com essas informações em mãos, é possível otimizar o uso de insumos e melhorar a eficiência e assertividade quanto ao consumo de fertilizantes e água, evitando, assim, o desperdício.
Outro exemplo que tem desempenhado um papel fundamental nessa digitalização do campo são os drones. Além de possibilitar o registro de imagens aéreas, o que garante um auxílio importante para localizar regiões que necessitem de alguma ação especial, esses aparelhos ainda apoiam no trabalho de plantio, coleta ou fertilização do campo. Vale ressaltar que dentro da realidade brasileira a grande maioria dos atores do agronegócio lida com propriedades de imensa extensão, o que valoriza ainda mais o poderio do dispositivo.
Mais do que o emprego desses instrumentos, é preciso destacar ainda que o processo de transformação digital traz consigo uma série de informações que ajudam a metrificar o desempenho das plantações. Assim, se torna palpável a ideia de construir avaliações de aumento de produtividade, a redução de custos e a melhoria da qualidade dos alimentos. Diante desses insumos, os produtores conseguem maximizar os ciclos da safra e potencializar os seus ganhos.
Porém, por mais que haja dúvidas adicionais quanto a importância da digitalização do meio, ainda existem barreiras a serem superadas. Uma das dificuldades mais urgentes, segundo um trabalho produzido em parceria entre a Embrapa, o Sebrae e o Inpe, são os problemas e a falta de conexão com a internet dentro das áreas rurais. Sem esse suporte, muitos agricultores acabam impossibilitados até mesmo de cogitar um avanço e dificilmente conseguirão acompanhar a eficiência dos concorrentes que já passaram por alguma automatização.
Diante de tudo isso exposto, não há como negar que a realidade do campo também será digital. Já se tornou impossível contestar a importância da aplicação desses recursos tecnológicos para alavancar as vantagens e benefícios no que diz respeito à sustentabilidade, produtividade e qualidade do agronegócio.