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Pare de criticar ações afirmativas só porque você não usufrui delas

Foto: Lorrayne Chaves.

Acredite, só de não precisar delas você já está em vantagem…

O ano era 2022, o mês era janeiro e Déia Freitas do @naoinviabilize resolveu anunciar uma vaga exclusiva para mulheres pretas, pardas ou indígenas. Isso foi o suficiente para uma chuva de críticas, recebimento de ameaças e haters.

Então pra começarmos esse papo vamos ter que estar na mesma página sobre um assunto: ações afirmativas. Numa rápida pesquisa no Google é possível encontrar uma definição simples e didática: 

Ações afirmativas são atos ou medidas especiais e temporárias, tomadas ou determinadas pelo estado e/ou instituições privadas, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantir a igualdade de oportunidades e tratamento, compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros.

De forma bem prática, ações afirmativas visam combater os efeitos acumulados em virtude das discriminações ocorridas no passado. São medidas tomadas que visam atribuir direitos iguais a grupos da sociedade que são oprimidos ou sofrem com as sequelas do passado de opressão. 

Vira e mexe, sempre quando vagas afirmativas surgem, um rebuliço na internet vem junto com elas. Em 2020, por exemplo, banco BV, Magazine Luiza, Gerdau, Bayer, Procter & Gamble e outras empresas abriram vagas afirmativas para pessoas negras e/ou para mulheres… Foi um bafafá e obviamente foram duramente criticadas por isso, assim como Déia.

Não precisa ir muito longe não, como tenho uma empresa que incentiva esse tipo de vaga para acabar com a desigualdade de gênero no mercado, sempre recebo comentários duros relacionados ao tema.

Mas agora que entendemos o que são ações afirmativas, vamos aos dados:

  • 2.276 é o ano que teremos equidade de gênero no mercado de trabalho, isso significa o mesmo tanto de mulher e homem nas empresas.
  • Menos da METADE das mulheres negras brasileiras exerce trabalho remunerado.
  • 90% das mulheres trans e travestis tem a prostituição como única fonte de subsistência no Brasil e apenas 4% conseguem um emprego formal.

Não é muito difícil saber essas informações, com uma pesquisa rápida (e um pouquinho de interesse) no Google conseguimos dezenas de dados como esses.

Quando a gente vê a discrepância de pessoas pretas e indígenas que são contratadas, faz sentido total dar oportunidade para elas, como Déia fez. Em São Paulo, por exemplo, em 2020 somente 7% das contratações era formada por pessoas negras.

Então, consegue entender agora a importância dessas vagas enquanto esses números não mudam? O nosso sonho é que realmente que ações afirmativas não sejam necessárias, mas enquanto não avançamos elas vão continuar acontecendo quer queira você ou não.

E antes que falem de legislação, ela permite sim que os iguais sejam tratados de maneira igual. Em outras palavras, a seleção de minorias para favorecê-las através de medidas de inclusão e diversidade que diminuam a desigualdade sofrida pelo grupo é permitido desde que seja comprovada a intenção de forma pública.

Vou terminando esse papo da mesma maneira que comecei e com a esperança que você agora tenha entendido: pare de criticar ações afirmativas só porque você não usufrui delas! Acredite, só de não precisar delas você já está em vantagem.

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