Considerar que a educação e o entretenimento estariam conectados, há alguns anos, estava fora de cogitação.
Enquanto o primeiro era sinal de tempo de estudo, erudição e disciplinamento, o entretenimento era visto como conteúdo para o tempo livre, algo que nos tirasse da nossa rotina de estudos ou trabalho.
Porém, vemos nos últimos anos uma movimentação expressiva de aproximação entre o entretenimento e a educação.
E a esta convergência damos o nome de mercado de edutainment (educação + entretenimento), que significa levar conteúdos educativos para videogames, desenhos, aplicativos, filmes, músicas e outras formas de entretenimento, buscando tornar o processo de aprendizagem mais leve e interessante.
Por mais que o conceito pareça recente e esteja sendo melhor aceito mais recentemente, foi na década de 40 que a Disney iniciou seus documentários que, além de divertir, levavam ensinamentos para os espectadores.
Hoje, o edutainment vai além de documentários e conteúdos animados e permeia diversas formas de conteúdos digitais e físicos.
O fato de sermos uma geração hiperconectada também facilitou a difusão do edutainment. Ter um dispositivo móvel sempre em mãos nos moldou a uma nova dinâmica, em que vivemos divididos entre os mundos físico e virtual.
Isso faz com que formas de aprendizado que tenham a tecnologia como meio de chegar aos alunos sejam melhor aceitas, prendam mais a atenção e, consequentemente, sejam mais facilmente absorvidas.
EDUTAINMENT COMO ALIADO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Os jovens crescem usando a internet e estão mudando tudo, incluindo a forma de aprender. A pesquisa Crianças e Smartphones no Brasil, da Mobile Time, mostrou que 44% das crianças de zero a 3 anos tinham acesso ao celular dos pais e 12% já possuíam seu próprio smartphone. Elas estão imersas em um mundo cheio de estímulos, que faz com que os estudos percam espaço para a TV, o videogame, o celular e o tablet.
Mas não podemos pensar na tecnologia como vilã; é preciso utilizá-la também como meio de informação e formação, de forma a aliar os interesses da criança com seu aprendizado.
Neste cenário, é entendível e até esperado que a educação esteja cada vez mais migrando para o digital, em forma de entretenimento, já que é um conteúdo familiar, que as crianças gostam de acompanhar.
Os conteúdos educativos mesclados com entretenimento favorecem e promovem o processo de aprendizagem das crianças.
Eles são interativos, prendem a atenção e estimulam diversas habilidades, inclusive as motoras, para as famílias que se preocupam com o tempo exclusivo de tela.
Não há fronteiras para o conteúdo digital e ele pode (e deve) incentivar atividades offline, mas isso é assunto para outro artigo.
O ensino gamificado, por exemplo, desenvolve maior concentração, interesse e motivação pela aprendizagem.
Além disso, os games podem auxiliar no desenvolvimento cognitivo e social das crianças e adolescentes, estimulando a lógica, a tomada de decisão e a resolução de problemas.
Desenhos e filmes interativos trabalham diversas habilidades, tais como inteligência visual e resolução de problemas, oferece também contato com a diversidade, ensinamentos sobre sustentabilidade, amizade, sentimentos e muito mais. Podem, ainda, auxiliar no aprendizado de um novo idioma ou no início da alfabetização dos pequenos.
Vemos então que, quando apoiado em jogos, filmes, séries, músicas e outros conteúdos interativos de entretenimento, o processo de aprendizado se torna mais prazeroso para as crianças.
Aliado ao ensino tradicional, o edutainment tem a capacidade de revolucionar a educação, facilitando a capacidade de absorção do conteúdo, prendendo a atenção das crianças e trabalhando diversas habilidades cognitivas e sociais de forma simultânea.