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Mês da Mulher: por mais mulheres na liderança

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Neste Mês das Mulheres, minha coluna aqui no Economia SP será um pouco diferente. Buscando dar mais visibilidade a pautas sobre a liderança feminina, abro espaço para nossa diretora de gente, Paola Moraes, que carrega mais de 15 anos de experiência e foi responsável por liderar grandes projetos de mudança cultural e reestruturação de áreas em multinacionais de tecnologia e serviços, para falar um pouco mais sobre liderança feminina. Espero que gostem! Confira abaixo o artigo dela:

Chegou o mês que marca a luta das mulheres por equidade e melhores condições de vida. Celebrado em oito de março, o Dia Internacional das Mulheres levanta uma reflexão global sobre a opressão de gênero, que transita em diversas áreas da vida da mulher, uma delas, o mundo corporativo.

Nunca se falou tanto da necessidade de lideranças diversas como atualmente. Já sabemos que uma equipe diversa, com mulheres e outros grupos minorizados em cargos estratégicos e de liderança, agrega e torna o ambiente de trabalho mais produtivo e inovador. Mas, ao passo que o tema passa a ser mais debatido, vemos uma queda no número de mulheres em cargos gerenciais. De acordo com o IBGE, a queda foi de cerca de 2% em 2021 e as mulheres ocupam apenas 37,4% dos cargos gerenciais. Quando subimos para as posições executivas os números ficam ainda mais discrepantes. Ao tratarmos de cargos de CEO, o número de mulheres que ocupam essa posição cai para 3% de acordo com um estudo feito pela Bain & Company em parceria com o LinkedIn. 

Quando observamos um panorama macro, os números ficam ainda mais preocupantes. Durante a pandemia, a ONU constatou que, na América Latina, o número de mulheres fora do mercado de trabalho saltou de 66 milhões para 83 milhões. As condições precárias e a realidade das mulheres, que realizam dupla jornada de trabalho, divididas entre o emprego e as atividades domésticas, chegando a trabalhar cerca de 7,5 horas a mais do que os homens, segundo dados do Ipea, foram os principais motivos para deixarem o mercado de trabalho. As mulheres estão exaustas na pandemia.

O curioso é que em questões acadêmicas, as mulheres são mais bem preparadas do que os homens. Elas são mais bem instruídas, com número superior de mulheres graduadas em ensino superior, pós-graduadas, mestres e doutoras em suas áreas. E mesmo assim, encontram mais dificuldade em conseguir vagas de emprego, principalmente ao tratarmos de vagas de liderança. 

As mulheres são tão capazes quanto os homens de liderarem grupos e empresas, mas foram ensinadas, por gerações, que essa não era a prioridade. Os vieses inconscientes que nos fazem relacionar pessoas em posição de sucesso ao sexo masculino, estão por trás da desigualdade no acesso a oportunidades profissionais.

Por isso, as mulheres precisam ir além desses padrões impostos e internalizar que cargos de liderança podem e devem ser ocupados por mulheres. As organizações ainda são muito masculinizadas, e se perder em comportamentos pré impostos às vezes é muito fácil. A mulher precisa investir constantemente no autoconhecimento e se fortalecer, para seguir o seu caminho, que é único, de forma autêntica. Resultados extraordinários podem ser  alcançados por mulheres quando essas, permitem-se arriscar e aplicar seus talentos e características únicas nos desafios, e não quando reproduzem comportamentos e ações pré determinadas e muitas vezes esperadas pela sociedade.

Na PlayKids, por entendermos a importância de termos cada vez mais mulheres em cargos estratégicos, começamos, em novembro de 2021, programas de formação interna para grupos minorizados, com foco em “Mulheres na Liderança”. Precisamos dar o incentivo para que as mulheres descubram suas potencialidades e se sintam seguras para ocupar essas posições, que foram socialmente ensinadas que não as pertencem. 

Além disso, e para ampliar e contribuir com a evolução do tema, em 2022 a Playkids passa a ter entre seus grupos de afinidade o Grupo Masculinidades, espaço único para que os homens  da empresa possam trazer suas vulnerabilidades, debater padrões, preconceitos e desafios do dia a dia e, claro, refletir como usar seus privilégios para se engajarem nas pautas de D&I no dia a dia. O movimento que leva mais mulheres à liderança, não é apenas feminino e precisa contar com o suporte, incentivo e compreensão masculina diante da realidade que vivemos. Infelizmente as organizações são ainda muito masculinizadas e se os homens não forem envolvidos nesse movimento de transformação e consciência o processo será ainda mais lento.

São esses pequenos passos de autoconhecimento e empoderamento, aliados a mudanças sociais e estruturais, que realmente vão fazer com que vejamos lideranças cada vez mais diversas e, consequentemente, ambientes de trabalho mais saudáveis, criativos, inovadores e com melhores resultados em performance. 

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CEO da Playkids

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