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4 dicas para sua startup obter investimento (em tempos de crise)

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

A economia vive de ciclos, em boa parte de alta, algumas vezes em baixa. E é o que estamos vivendo agora: a economia global está em redução da sua atividade após todas as medidas de injeção de recursos e deliberações dos Bancos Centrais para combater a pandemia e seus impactos financeiros.

Com o aumento da inflação no mundo todo, somado a uma curva ascendente de juros por parte das principais economias globais, o capital está fugindo do risco para ativos mais seguros. O que significa uma menor liquidez para investir em startups: os aportes no mundo todo somaram um volume 23% menor no segundo trimestre deste ano em relação ao período anterior.

No Brasil o cenário não é diferente, com o volume de investimentos chegando próximo aos patamares pré-pandemia. Independente disso, empreender e desenvolver um negócio inovador continua sendo uma demanda muito importante para o mercado, suas empresas (que aos poucos ganham maturidade para atuar em conjunto ou adquirí-las) e consumidores finais. Ou seja: a demanda por capital para validação de projetos e sua posterior escala continua, mas com menos dinheiro e critérios mais rígidos para captar recursos.

Mas quais seriam estes critérios? Como eles se tornam mais ou menos importantes durante um ciclo de baixa? E como se preparar para captar? Aqui vão algumas dicas em áreas estratégicas de qualquer negócio, seja ele uma fintech, healthtech, e-commerce ou outro segmento:

Desenvolva uma cultura, antes de qualquer coisa: tempos difíceis demandam que o time esteja ainda mais unido, principalmente pra juntar criatividade e força de trabalho para executar o máximo de atividades com uma quantidade menor de recursos. Para tal, é muito importante o desenvolvimento de uma cultura a partir do fundador com os funcionários, que incentive a criatividade, ação e a atração de novos talentos. Este é um item que não raro é negligenciado tanto por empreendedores quanto por investidores – afinal de contas, é algo intangível. Mas ter um DNA de marca bem consistente e replicá-lo em todos os pontos de contato da startup, principalmente às pessoas é a pedra fundamental de um negócio de sucesso, principalmente em momentos de crise.

Construa uma produtos + vendas  com pouca gasolina, mas grande autonomia: um dos “milagres” de um mercado altamente líquido é que os recursos surgem para acelerar as vendas, mas sem necessariamente o desenvolvimento do produto estar adequado à realidade do playbook comercial. O conceito de “winner takes it all” (o vencedor leva tudo) faz com que investidores aportem grandes quantias para ser a referência de mercado ao longo do processo de desenvolvimento do produto. Em cenário de ciclo de baixa, investidores não vão alocar dinheiro em foguete que está sob construção, ou seja, numa startup que está crescendo rapidamente sem uma estrutura sólida. A preferência será até por uma velocidade menor de vendas, mas com consistência nos resultados e na criação do produto/serviço em sí. Não à toa que atualmente a queda nos aportes é maior nos estágios mais avançados, onde se espera que a startup já consiga andar sob seus próprios recursos e não precisa da oferta de terceiros.

Crescer e ser saudável financeiramente é mágico: o crescimento muito rápido e além da capacidade de gerar caixa foi a principal responsável pelos mais de 2 mil profissionais de startups em estágios avançados demitidos durante o primeiro semestre no Brasil, cenário não diferente de outros lugares do mundo. Estas empresas precisaram descontinuar projetos e adequar o tamanho do seu pessoal à geração de receita e sua variação em cenário de ciclo de baixa.

Para quem está a procura de investimento nos primeiros estágios, o grande trunfo é: conseguir desenvolver produto e gerar vendas (pelo menos com uma taxa de crescimento entre 50-100% ao ano), e conseguir ser operacionalmente positivo, ou seja, ter um EBITDA consistente. Assim fica mais fácil que a alocação de recursos na sua startup seja para acelerar o que já funciona de forma superavitária, com o lucro da operação revertido junto ao aporte para uma “corrida” entre 18-24 meses rumo ao próximo cheque (e outro ciclo de crescimento de 100% ou mais ao ano).

O potencial uso (inteligente) do investimento: Para terminar, mas não menos importante: investir em startups é uma das atividades mais arriscadas do mercado de capitais. 90% delas morrem em menos de 2 anos globalmente e a parcela delas que proporcionam retorno aos principais fundos (crescimento acima de 10x o valor investido) representa menos de 1%. Em ciclo de baixa, o cuidado para quando e onde cada real ou dólar será investido, bem como o porquê e qual a perspectiva de resultados num ciclo até o próximo cheque ou saída do investimento (venda para player estratégico ou fusão com concorrente – direto ou não) e mandatório. Não há um segredo sobre a alocação por área (marketing, vendas, produto, pessoas e outros), vai depender do segmento que está empreendendo, bem como o estágio do projeto. Mas ter um playbook detalhado de como alocará nestas áreas é uma diferença e tanto na hora de pleitear investimento.

Ainda que seja um cenário diferente da euforia do ano passado, o investimento em startups no globo está acima do que vimos em 2020, no início da pandemia. As empresas e suas estratégias de Corporate Venture estão começando a entender este mercado e atuar de forma estratégica, aportando dinheiro, recursos estratégicos ou adquirindo negócios – há mais de 100 iniciativas no Brasil, o dobro em relação a 2020. A demanda por transformação digital é uma realidade na maioria dos setores da economia.

Logo fazer negócios e acelerar startups continuará sendo fundamental ao ecossistema de inovação. Uma oportunidade e tanto de fazer diferença com uma ação anti-cíclica em momento de orçamentos menores. Mas com cuidado e com muito fundamento para mitigar o insucesso do capital que já historicamente chamado “de risco”. 

Leia outras colunas do João Gabriel Chebante clicando aqui.

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Forrmado em Administração de Empresas com ênfase em Marketing pela ESPM/SP, com pós em Branding e MBA em Venture Capital & Private Equity pela FGV/SP. Lidera a Sinergis e é membro do board da ESPM Angels

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