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O que (ainda) não te falaram sobre VC e startups em 2024

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Faz parte do meu trabalho como líder de uma empresa que revende software, bem como olha para novos negócios sob a perspectiva de desenvolver o canal de parceiros deles estar presente em eventos ao redor do país, e não raro fora do Brasil também. Reforça o fato de estar desenvolvendo um grupo de investidores-anjo atrelado à faculdade, e ter colaboradores em diferentes regiões também.

Os últimos 90 dias foram bem puxados, com eventos em Porto Alegre, Gramado e Londres – isso sem contar que faltei ao WebSummit (mas, sejamos francos, a exceção das conexões, todo o conteúdo não é exatamente uma novidade). Além disso, diversas leituras para formatar conteúdo, newsletter e um debate com profissionais do segmento.

Não acho que vale a pena cair no desdém de 2024 é uma continuação de 2023 para o ecossistema de inovação via startups – vocês já leram, ouviram e viram muito à respeito. Mas queria, neste texto, trazer alguns pontos que não vejo tanto empreendedores, investidores e outros atores deste palco levarem ao público. E que pode fazer sentido para quem se apega às incertezas que este ciclo (mais longo do que imaginam) pode levar.

Vamos lá?

  • Bootstrap-se: Essa eu realmente vejo muito pouco no mercado. Trunfo é aquele empreendedor que consegue gerar um crescimento de 50-100% ao ano sem precisar de capital de terceiros quando entra no “vale da morte”, que é exatamente o momento em que, após as primeiras vendas, o negócio precisa pegar tração, montar time, desenvolver pipeline comercial e de produto. É o supra-sumo de uma startup, a qualidade que brilha no escuro. Empresas assim geralmente escolhem quem as investem, já que não dependem muito de recursos. Precisa formar um time de fundadores forte e com cultura consistente. E nem toda solução/setor permite. O que leva a uma segunda ponderação.
  • Mix caixa x ciclo de venda x margem: é um tripé difícil de ser contido no melhor aos três pontos. Mas geralmente tempos mais curtos de recursos econômicos privilegia quem tem soluções com a) preço mais competitivo, b) ciclo de venda mais curto ou c) forte geração de margem por venda realizada. Uma combinação dos três permite a aceleração de crescimento através de tudo que vocês já leram sobre growth, mas atenção ao terceiro item desta lista:
  • Construção de marca: Estou eu conhecendo uma nova fintech, que realizará no UK proposta de valor bem conhecida no país. Na hora perguntei se não havia um serviço na terra de Rei Charles um produto igual ao top of mind no Brasil. Após uma crítica acerca do UX deles, concordei mas lembrei de um ponto que já tinha defendido num talk no início do mês: ainda que não seja a melhor solução, era construiu a mais reconhecida proposta de valor no seu nicho. Construir a reputação num nicho novo não é garantia de sucesso, mas blinda de forma consistente a competição, bem como facilita e muito o trabalho de vendas – ainda que talvez o seu time de growth nem tenha tanto conhecimento sobre isso 😛
  • Estude macroeconomia: Pessoalmente, fujo da política como diabo foge da cruz. Governos mudam, mas o nosso protagonismo sobre negócios não. Mas sobre economia não tem muito como escapar: os movimentos que ocorrem no Banco Central, no Federal Reserve e outras instâncias, determinam a liquidez de mercados, inflação, juros e como conseqüência afetam o dia-a-dia das pessoas, o seu consumo e as operações empresariais. Um exemplo claro é que, enquanto as taxas de juros nos EUA estiverem altas frente ao histórico (quase o dobro do pré-pandemia) não haverá apetite de investidores para aplicar recursos em venture capital. Seja nos EUA, quanto no Brasil – que é coadjuvante da indústria. Mas há uma esperança:
  • Estude tendências de mercado: Lembro de entrevistar um founder do Netscape no WebSummit 2018 sobre sua carreira. E ele me contou que, depois do pioneiro navegador, ficou em encontrar detalhes dos desafios de P&D das Big Tech (analisava via registros de patentes, relatórios de resultados e entrevistas)  e desenvolvia negócios que poderiam ser adquiridos por eles. Fez isso duas vezes, vendendo para Apple e Google. Assim “fiz um dinheiro, juntei uns amigos e montamos um fundo.” (imagem o quanto somaram). Hype de IA de lado, é sempre mais interessante desenvolver negócios que tenha um sortimento de empresas de olho em comprar. Não somente a solução, mas a sua empresa “de brinde”. As empresas no Brasil estão começando a entender este movimento como interessante para acelerar a curva de inovação não raro presa ainda no nível 1 (melhora de processos e produtos vigentes), então é um movimento a ser considerado.

Espero que gostem destas considerações, que não vejo exatamente os palcos onde empreendedores e investidores se repetem ao longo das semanas baterem em pontos específicos como estes. Espero que seja de alguma valia. Não raro uma boa rota para a realização é fazer o que os demais não estão de olho. Então sair dos conselhos comuns pode ser interessante. Espero que seja. Depois me conte 😉 

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Forrmado em Administração de Empresas com ênfase em Marketing pela ESPM/SP, com pós em Branding e MBA em Venture Capital & Private Equity pela FGV/SP. Lidera a Sinergis e é membro do board da ESPM Angels

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