Neste mês, o Dia Internacional da Mulher sempre me deixa reflexiva, os desafios de ser mulher na nossa sociedade e no mercado de trabalho entram em pauta na mídia, assuntos como desigualdade salarial e de cargos no ambiente de trabalho, intolerância à maternidade, falta de mulheres líderes em grandes empresas, entre outros pontos são discutidos por diversos públicos. Mesmo assim, pouca mudança acontece na prática. Ser mulher no mundo dos negócios, contexto majoritariamente masculino, não é fácil e demanda muita resiliência, por isso se torna tão importante apoiarmos o empreendedorismo feminino para que cada vez mais mulheres consigam ganhar espaço no mercado desenvolvendo suas empresas.
De acordo com o Sebrae, as mulheres empreendedoras correspondem a mais de 10 milhões no mercado, sendo a maioria nas classes C, D e E. De todos os empreendedores do país, 34% são do sexo feminino e elas, em grande maioria, atuam nas áreas de beleza e estética, bem-estar, moda e alimentação.
Em complemento, o estudo “Mulheres Empreendedoras e Seus Negócios 2022”, conduzido pelo IRME (Instituto Rede Mulher Empreendedora), aponta que 60% das empreendedoras brasileiras se declaram negras, a maior parte é formada por mulheres casadas, 50% pertencem à classe C e 34% às classes A e B. Além disso, segundo a análise, 28% possuem Ensino Superior ou mais e 7 em cada 10 possuem filhos.
Dados como esse nos trazem a realidade do mercado de trabalho atual. Quando trazemos esse cenário para o ecossistema das startups, por exemplo, isso não é diferente. Segundo pesquisa da Abstartups, quando falamos de fundadoras, apenas 12,6% das Startups foram fundadas por mulheres.
Eu como atuante no segmento, enxergo que há muito trabalho a ser feito, principalmente educacional, para que mais mulheres entendam o empreendedorismo como uma opção viável para ganhar espaço no mercado e o contexto da inovação como um diferencial de carreira. Um estudo da B3, uma das principais empresas de infraestrutura de mercado financeiro no mundo, indica que das 408 companhias de capital aberto no Brasil, 61% não tem uma única mulher na alta direção e 45% não tem participação feminina no conselho de administração.
Esses dados são alarmantes e precisam de esforços constantes das esferas públicas e privadas para serem mudados. Mas a pergunta que faço aqui é – como ampliar o empreendedorismo feminino no país? A resposta óbvia sempre será “Por meio da Educação”, mas para que isso aconteça de modo abrangente, precisamos debater sobre a importância desse movimento para os diversos contextos sociais, engajar pessoas influenciadoras, incentivar e ajudar da forma que for possível todas as mulheres ao nosso redor que sonham em criar seus negócios (isso parece básico, mas pode fazer uma diferença gigante na vida de uma menina/mulher visionária). Existem movimentos do Sebrae e de outras instituições em prol dessa mudança, com mentorias e programas que têm o objetivo de ajudar a alavancar negócios não só desenvolvidos por mulheres, mas de todos os gêneros, focados em ampliar a inovação.
Importante finalizar ressaltando que é necessário um olhar intencional para esse público quando se trata de direcionar investimentos. Além disso, defendo constantemente que investir em educação empreendedora associada à inovação é o melhor caminho para gerar grandes impactos econômicos e sociais em médio e longo prazo.