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A IA como motor de aceleração da inovação aberta

Foto: divulgação

Por Maximiliano Selistre Carlomagno, sócio-fundador da Innoscience.

Nas últimas duas décadas, as fronteiras da inovação corporativa se abriram. Deixamos para trás a ideia de que os melhores talentos estavam apenas dentro da empresa e passamos a buscar conhecimento além dos muros organizacionais. Assim nasceu a inovação aberta.

Hoje, algo ainda mais transformador está em curso: a convergência entre inovação aberta e inteligência artificial. Dezenas de pesquisas têm sido conduzidas para entender o potencial da IA para identificar oportunidades, gerar ideias, desenhar protótipos, mapear riscos de projetos e acelerar o processo de inovação. Vejamos:

    1. A IA gerou 70% das melhores ideias selecionadas em exercício de ideação comparado com usuários sem IA;

    2. Empresas com alto uso de IA em gestão de projetos relataram aumento de 40% de produtividade e 47% de incremento em detecção de riscos;

    3. Agentes de IA atingiram 85%-98% de correlação com comportamento humano real reduzindo o tempo e custo em pesquisa de mercado;

    4. Consultores com IA atingiram 86% da performance comparado com consultores especialistas em tarefas complexas.

Tenho mergulhado nesse tema nos últimos dois anos. O que aprendi, e agora compartilho com você, mostra que a IA não está apenas otimizando práticas. Ela está reconfigurando a forma como empresas fazem inovação aberta.

No Brasil, o modelo mais comum de inovação aberta se materializa na relação entre grandes empresas e startups. Três exemplos são: a Maply, solução de monitoramento de obras com drones, é parceira da Alphaville Urbanismo desde 2017; a Bit9, digitaliza processos e trabalha com a Coca-Cola desde 2018; e a Confirm8, plataforma de manutenção preventiva que escalou ao colaborar com a Ocyan, no setor de óleo e gás, a partir de 2019.

Esses casos ilustram o chamado modelo venture client, quando uma grande empresa, como cliente, adquire e testa a solução de uma startup para resolver desafios específicos. Mas o que acontece quando adicionamos inteligência artificial a esse processo?

É isso que quero explorar aqui. Para organizar os insights, utilizo o método apresentado no livro Simbiose Corporativa, construído a partir da análise de mais de 600 projetos, incluindo os das próprias Bit9, Maply e Confirm8.

Como grandes empresas podem inovar mais e melhor trabalhando com startups

O pai da inovação aberta, o professor Henry Chesbrough de Berkeley, divulgou pesquisa recente indicando que a IA pode amplificar, habilitar ou substituir práticas de inovação aberta. 

A inteligência artificial pode ampliar a criatividade, facilitar comparação de soluções, mapear tecnologias e tendências bem como validar conceitos com protótipos e personas sintéticas. Exploramos como a inteligência artificial pode ser aplicada ao longo das sete etapas do método Simbiose Corporativa, estabelecendo uma nova agenda de inovação conectada, inteligente e escalável.

Assim como na natureza, onde organismos em relações simbióticas compartilham recursos e ampliam sua sobrevivência em ecossistemas complexos, empresas e startups potencializadas por IA podem criar um novo cenário em que não apenas otimizam, mas amplificam a inteligência coletiva. Os insights da aplicação da IA em inovação aberta são interessantes:

Os ganhos são reais e mensuráveis. Organizações com IA aplicada à inovação relatam ciclos até 10x mais rápidos, 5x mais ideias geradas e reduções drásticas de tempo e custo de validação. A IA pode ser utilizada em diferentes fases do processo de inovação aberta entre grandes empresas e startups. Os casos de uso testados trazem ganhos desde a identificação de tendências até a gestão de riscos de projetos.

A tecnologia pode trazer ganhos de produtividade e aumento de criatividade ao processo de inovação aberta. A versatilidade da inteligência artificial traz ganhos de diferentes naturezas. A ferramenta não substitui a inovação aberta — ela a expande. Ao combinar, empresas constroem ecossistemas mais inteligentes, rápidos e adaptativos. O desafio agora é de liderança e governança. O futuro pertence às empresas que souberem orquestrar humanos, algoritmos e startups com ética, propósito e ambição. 

A inovação aberta nos ensinou que boas ideias podem vir de qualquer lugar. A inteligência artificial está nos mostrando que elas também podem vir de qualquer coisa — inclusive de máquinas.

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