Os anos de 2026 e 2027 evidenciam a “fundação” da relação entre inteligência artificial e capital humano: não se trata apenas de adotar modelos conhecidos como ChatGPT, Gemini ou soluções proprietárias das empresas, mas de transformar competências, governança e cultura organizacional para como a IA vai se inserir junto aos funcionários – ainda existirão humanos trabalhando em empresas. Os próximos dois anos serão decisivos para separar as iniciativas de real impacto às operações daquelas motivadas por modismo.
A velocidade de adoção é impressionante. Pesquisas como as da consultoria global Mckinsey apontam que o uso de IA generativa e outras formas de automação está acelerando em empresas de todos os portes e setores com uma adoção frequente em funções-chave, além de uma intenção massiva de aumentar investimentos nos próximos anos. Essa corrida cria um grande potencial de produtividade, mas ao mesmo tempo amplia o risco de implementação sem preparo: muitas iniciativas ainda são experimentais e poucos líderes costumam avaliar suas organizações como maduras para o uso de IA.
Vivemos aqui algo muito parecido com a entrada da internet e a digitalização dos negócios no início dos anos 2000, seja em hype, ou em dúvidas e ações desmedidas de empresas e profissionais para parecerem “modernos” às vistas de clientes, concorrentes e outros stakeholders.
É justamente aqui que cabe a importância do letramento em IA como algo inegociável. Não basta apenas ensinar como funciona o ChatGPT: é compreender limites, vieses, riscos de segurança, implicações legais e, principalmente, como integrar sistemas aos processo que toda empresa e seus funcionários possuem.
Relatórios globais como os do Fórum Econômico Mundial ressaltam que a transformação baseada em IA exigirá requalificação em larga escala, ou seja, os empregadores terão um papel essencial no re-skeling, porque até 2030, as habilidades demandadas pelo mercado sofrerão mudanças profundas.
Para atender a essas lacunas, as empresas precisam investir em programas de letramento que cubram ferramentas públicas, plataformas internas e fluxos de trabalho corporativos. Essa é a condição para que a IA seja a “gasolina” que otimize o trabalho humano, mais do que substituição simples. Não é toda empresa que faz sentido demitir milhares de pessoas, como a Amazon, porque a IA “pode fazer melhor.”
Para aplicar o conceito de “AI People First” na prática, é necessário haver pelo menos três ações concretas, dentre elas: elevar o letramento em IA em todos os níveis do conselho ao atendimento com currículos que misturem ética, técnica e cenários operacionais; e incorporar governança prática que monitore impacto real no usuário e nos colaboradores, com KPIs (Indicadores de Desempenho) transparentes e auditorias periódicas. Por fim, priorizar projetos que aumentem capacidades humanas, como a assistência, tomada de decisão melhor informada, automação de tarefas repetitivas, em vez de projetos que prometem autonomia total sem provas de ROI (Retorno Sobre o Investimento). Treine, atue e mensure.
Como consequência, essas ações reduzem o desperdício de capital e preservam a confiança interna e externa. A meu ver, a narrativa de que a IA destruirá empregos é incompleta: o que mudará de verdade é o conteúdo do trabalho. O desafio real, que também é uma oportunidade, será reimaginar papeis, redesenhar processos e assegurar que a tecnologia amplie competências humanas em vez de obscurecê-las.
Por fim, as empresas que conseguirem alinhar a estratégia de mercado, formação de pessoas e marcos éticos estarão melhor preparadas e posicionadas não apenas para obter mais lucros, mas legitimidade social o ativo mais duradouro em um mundo em que tecnologia e vida humana se entrelaçam sempre mais e isso é o que definirá vencedores sustentáveis no ciclo de 2026-2027. Você e sua empresa estão preparados para o futuro?