Search

Os dados por trás das cadeias de suprimentos sustentáveis

Foto: divulgação.

Por Svante Göthe, head de sustentabilidade da RELEX Solutions.

Mais do que uma exigência regulatória, a sustentabilidade evoluiu de uma vantagem competitiva para uma prioridade estratégica global. Para empresas que operam em cadeias de suprimentos complexas — como o varejo — entender e reduzir o impacto ambiental de suas atividades é agora tão importante quanto garantir eficiência ou gerenciar custos operacionais. Nesse contexto, a inteligência artificial (IA) desempenha um papel fundamental na análise das emissões de CO₂, apoiando uma tomada de decisão mais rápida, precisa e eficaz, acelerando a transição para uma economia de baixo carbono.

A demanda por transparência nas emissões está em crescimento. Governos ao redor do mundo estão apertando as regulamentações ambientais. Na União Europeia, a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) exigirá que milhares de empresas relatem seus impactos ambientais — incluindo as emissões de Escopo 3 — em um formato padronizado nos próximos anos. Nos Estados Unidos, a Califórnia está liderando com a aprovação da SB 253, uma lei que exigirá que empresas com receitas anuais acima de US$ 1 bilhão divulguem suas emissões de carbono — Escopos 1, 2 e 3 — até 2027. A tendência aponta para que outras regiões adotem medidas semelhantes, sinalizando uma nova era de transparência climática corporativa.

O maior obstáculo, no entanto, continua sendo a complexidade de medir essas emissões com precisão. Coletar, organizar e interpretar dados de diferentes categorias de produtos e fornecedores é um processo que demanda tempo e estrutura. É justamente nesse ponto que a IA agrega valor.

Já existem soluções no mercado com tecnologia de IA capazes de estimar as emissões de CO₂ de produtos adquiridos, combinando fatores gerais de emissão com dados operacionais da plataforma de planejamento da cadeia de suprimentos da empresa. Essas tecnologias integram dados de várias fontes e oferecem maior visibilidade sobre a pegada de carbono da empresa, especialmente em relação às emissões de Escopo 3, que muitas vezes são difíceis de quantificar com precisão. Elas também agilizam a coleta e análise de dados, reduzem a carga de trabalho, facilitam a conformidade regulatória e ajudam a fortalecer a confiança do consumidor, ao demonstrar um compromisso genuíno com a sustentabilidade.

Essa abordagem não apenas reforça o compromisso ambiental de uma organização, mas também gera valor para o consumidor, que está cada vez mais atento às práticas das marcas que apoia.

Por trás desse avanço está uma constatação evidente: sustentabilidade e eficiência caminham juntas. Em muitos casos, reduzir a pegada de carbono de uma empresa pode andar lado a lado com a melhoria da eficiência operacional.

A era da sustentabilidade orientada por dados já começou. A IA está no centro dessa transformação, dando às empresas a capacidade de enxergar — e agir sobre — seu verdadeiro impacto ambiental. Em um mundo onde atender às exigências legais e às expectativas da sociedade tornou-se inevitável, liderarão aquelas que souberem alinhar tecnologia com propósito.

Compartilhe

Leia também