Não é novidade que o SUS foi essencial para o combate à pandemia e que, dentro deste imenso e vasto sistema, saltaram aos olhos da sociedade ilhas de excelência e qualidade de infraestrutura formadas por hospitais construídos e geridos por meio de Parcerias Público Privadas (PPPs).
Também não é novidade que, ao longo dos últimos quase 30 anos o país tem melhorado sua infraestrutura pela atração de agentes privados, via contratos de concessão e PPP nos mais diversos setores como rodovias, saneamento básico, geração de energia e mais recentemente na infraestrutura social em áreas de educação, segurança e saúde e quer, cada vez mais, ampliar a atração do capital privado para investir e operara infraestrutura pública.
Pois é exatamente a junção destes dois fatores que fará das PPPs na área de saúde a “bola da vez” na disponibilização de infraestrutura de qualidade para a população. Temos a oportunidade única de transformar o setor de saúde que tem no SUS um sistema universal, reconhecido internacionalmente, como um sistema capaz de atender à população.
Porém, é necessária a melhoria de sua infraestrutura, não só no investimento em construção e recapacitação, mas, principalmente, na gestão eficiente ao longo da vida útil das suas unidades de atendimento.
Aí está a chave da virada no setor. Depois do sucesso durante a pandemia de alguns hospitais operados via PPP, temos visto diversas iniciativas de novos projetos em desenvolvimento, país afora, e com previsão de serem contratados nos próximos dois anos, dentre os quais podemos citar iniciativas em Santa Catariana, Rondônia, Brasília, Guarulhos, Canoas e Rio de Janeiro, que estão com modelagens em desenvolvimento.
Atualmente, realizamos este trabalho na Opy Health, braço de investimentos em saúde do fundo de Private Equity da IG4 Capital por meio de duas PPPs: entre a Prefeitura de Belo Horizonte e a concessionária ONM Health no Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, de BH, e outra localizada em Manaus, entre Amazonas e a concessionária OZN Health no Hospital Delphina Aziz.
Além de todo o suporte com hotelaria, limpeza e administração, as duas unidades, de BH e Manaus, somam mais de 4 mil instrumentos de suporte à vida. Essas inovações nos ajudam a atender melhor os pacientes e facilita o trabalho dos profissionais.
Para auxiliar a rastreabilidade de medicamentos e materiais, o Hospital Metropolitano conta com o serviço de dispensários eletrônicos, equipamentos de alta tecnologia, que garantem absoluto controle e segurança no processo e uma perda de medicamentos próxima de zero.
Contamos também com o sistema de identificação por Radiofrequência (RFid), para monitorar toda a logística interna e externa do enxoval ONM Health. A tecnologia permite o controle de peças utilizadas pela equipe hospitalar, leitos, além de suporte na gestão de lavanderias externas e evita o extravio.
Além disso, temos o correio pneumático: utilizado pela Farmácia Central no atendimento de urgência para o transporte de medicamentos e no atendimento ao laboratório para o transporte de materiais biológicos.
Juntos à operação de um hospital 100% digital, sem papel, oferece ganho na produtividade, reduz o tempo de espera de medicamentos e insumos, riscos de contaminação e o tempo de disponibilização de leitos e salas cirúrgicas para uso da equipe clínica.
Imagine só este tipo de serviço aplicado em ambientes hospitalares de todo país? Traríamos mais efetividade e organização para que médicos e enfermeiros possam focar no que é mais importante: a vida.
E não se trata apenas de novos equipamentos, mas também na forma de atender. No Hospital Delphina Aziz, por exemplo, contamos com atendimento humanizado para crianças nas salas de exame de ressonância magnética e tomografia computadorizada.
Na sala preparatória, roupas de cama e vestimentas dos profissionais com temas infantis, ambiente lúdico, exibição de desenhos animados e tratamento personalizado.
Na sala de exames, observa-se um painel com imagens de copas das árvores, simulando ambiente a céu aberto, além do uso da cromoterapia. Tudo para que o paciente tenha a melhor experiência.
Sabemos que há muito a agregar e o objetivo é suprir a falta de infraestrutura adequada das unidades hospitalares. Mesmo com esse gap, o SUS ofereceu a resposta assistencial que as pessoas necessitavam e nenhum país do tamanho do Brasil possui um sistema público e gratuito de saúde para atender sua população.
O interessante é entender que a lógica do investimento em saúde não é exatamente linear. De acordo com pesquisa, os americanos gastaram mais de US$ 4,1 trilhões em saúde em 2020, enquanto o Brasil chegou a meros R$ 38,2 bilhões, segundo a Câmara dos Deputados.
Apesar doo Estados Unidos investir um valor muito maior na área, a diferença na expectativa de vida entre os países é mínima.
Segundo o IBGE, o Brasil aumentou a expectativa de vida para 76,8 anos, enquanto nos EUA é 77,3 anos, de acordo com o New York Times, e vem caindo ano a ano. Ainda assim, o Brasil está entre os dez países que mais investem em saúde no mundo, per capita.
Mais dinheiro não resolve os problemas por si só. A gestão é, acima de tudo, a ferramenta necessária para tornar os gastos eficientes e garantir o acesso dos cidadãos à saúde púbica.
Atingimos o patamar acima, pois temos um SUS que agrega valor e que pode e deve ser melhorado com o investimento em melhoria da infraestrutura e gestão, que é exatamente o que as PPPs podem trazer: incorporando tecnologia, inovação e ganhos de gestão, mantendo a definição das políticas públicas e a priorização do atendimento de saúde à população na mão do poder público, sem falarmos em privatização.
Em um país com tantas dificuldades, a PPP demonstra a sua relevância e se mostra como uma solução inteligente.