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Comunidade corporativa: afinal, o que é e como construir nas empresas

Foto: Babuska Fotografia.
Foto: Babuska Fotografia.

Por Mariana Achutti, CEO e fundadora da SPUTNiK.

Comunidade é a nova palavra queridinha do momento, que também virou buzzword no mundo corporativo, o último grito, em diversas frentes de negócio, como, por exemplo, a do marketing. Seja para gerar awareness de mercado ou engajar os consumidores, dentro de um coletivo empresarial essa palavra ascende com a Web3, já que é, de fato, o caminho das marcas que vão prosperar em um cenário hiper digitalizado e de decisão de compra mais balizada por propósito do que por produto.

Aliás, as experiências – trabalhadas como um diferencial de marca até pouco tempo atrás – agora já precisam compor o produto; não são um “extra”, mas sim, um feature ou fragmento significativo do DNA de um serviço de sucesso.

No universo de gestão de pessoas, o conceito de comunidade faz todo o sentido – e o mercado de RH o embebedou no discurso. Na prática, já vemos a consolidação dessa nova dinâmica na aprendizagem corporativa, conforme listado abaixo.

O “estado da arte” de comunidade nas organizações:

  • Acompanhamos, nos últimos anos, a implementação – e o aprimoramento – das universidades corporativas;
  • Tecnologias foram embedadas na arquitetura da aprendizagem e se aprimoram, com AI a serviço da agilidade e escala;
  • Conteúdo e forma passaram a ser repensados sistematicamente;
  • Metodologias disruptivas entraram no calendário da educação corporativa e ganham cada vez mais espaço na estratégia de grandes corporações que são referência global em aprendizagem. 

Ao mesmo tempo, em recente pesquisa da Sputnik sobre tendências em aprendizagem corporativa , foi identificada uma dor comum do mercado: a necessidade de tracionar essa evolução.

Mas, afinal, o que é comunidade em aprendizagem corporativa? Em resumo: a comunidade nas organizações, quando trabalhada na educação empresarial, consiste em momentos ou espaços de troca e colaboração, remotos ou presenciais. Porém, alguns requisitos fundamentais devem ser considerados.

São eles: periodicidade, estrutura, comunicação e colaboração, facilitação, conteúdos customizados, ações constantes de engajamento, visão long term (ou de longo prazo), ROI – retorno sobre investimento – (que pode ser um tanto subjetivo e o tema exige outro artigo) – ou seja, a comunidade depende de estratégia. Isso não significa designar uma liderança para “coordenar” um grupo que passa a se reunir mais por etiqueta corporativa do que por vontade de interagir, aprender e colaborar. Pelo contrário: a dinâmica comunitária acontece justamente no engajamento orgânico, em torno de um motivo compartilhado por todos que a compõem.

E essa razão pode ser um OKR (ou meta de resultados estabelecida), uma jornada de aprendizagem, uma ação de qualquer área de negócio, entre outros. O que importa para a construção de uma comunidade é menos o valor do objeto e mais o valor simbólico. Inclusive porque o objeto-causa pode mudar ao longo do tempo; e a comunidade, permanecer. 

Isso ocorre pois a engrenagem comunitária se movimenta pelos seus agentes, e não seus inputs. Em outras palavras: são as pessoas que interagem, e se entrelaçam em uma rede de interesse e apoio. E a força gerada dessa união – nem sempre harmônica, mas intencionalmente resiliente – é que promove benefícios.

Como uma comunidade impulsiona resultados?

Criatividade e pensamento crítico são dois ativos que, com toda a certeza, brotam em uma cultura organizacional baseada em comunidade. E rendem.

Quando construída de forma estratégica, uma comunidade dentro de uma empresa atende, por exemplo, à diversidade – atualmente mandatória nas empresas. Times e boards que consideram a diversidade em todas as suas ramificações, para além de qualquer métrica ESG, já se diferenciam no mercado junto a todos os stakeholders. E, internamente, alcançam um aprimoramento em criatividade, o que resulta em inovação e melhores resultados de negócio.

Além disso, quando pensamos juntos, pensamos melhor. E aí a dinâmica comunitária vira metodologia: é no intercâmbio do conhecimento que o pensamento crítico nasce. Conseguimos ter mais discernimento (sobre a habilidade que o time precisa desenvolver no momento ou sobre qual ação é prioridade em um projeto) quando ouvimos o outro e suas diferentes perspectivas.

E mais: comunidades viram espaços de acolhimento e bem-estar. Assim, o pilar de saúde mental – hoje, tão relevante quanto qualquer outro pilar estratégico – também é atendido (com louvor).

Nesse sentido, uma comunidade também contribui em dois âmbitos ainda sensíveis nas organizações: diferença de idade e cargo.

A integração geracional e a desconstrução do etarismo – tão improdutivo e nocivo – ficam facilitadas. Assim como a interação fluida entre níveis hierárquicos é importante não apenas para construir um ambiente confortável para todos os colaboradores, mas também para questões menos subjetivas e mais práticas, como o desenvolvimento de um produto ou uma nova oportunidade de negócio. 

Comunidade, criatividade e o envolvimento de C Levels e lideranças 

Think with Google BR, uma plataforma criada pelo Google, traz uma análise sobre o valor da criatividade, para as marcas. Já se sabe que ela é cada vez mais importante para ativar a conexão com o público-alvo.

Mas um ponto que chama a atenção nessa pesquisa da Google é de onde deve vir essa criatividade – tanto as ideias criativas em si, quanto o fomento delas: 

“Temos aqui lições para organizações e marcas que estão prontas para expandir as fronteiras da criatividade. Ao se abrirem para uma colaboração mais ativa com os criadores em torno de um ponto de vista comum, as marcas promovem uma conversa mais interessante e autêntica com seu público. Além disso, é importante ter em mente que a ‘equipe de criação’ envolve todo mundo, desde o CEO até a equipe financeira.” Fonte: Think with Google BR, março/2023.

A análise considerou como “criadores” os influenciadores contratados pelas marcas. Mas não só: também reposicionou todos os colaboradores, de todas as áreas, como criativos dentro das empresas – papel até então reservado ao time de marketing ou à agência de publicidade contratada. 

E o novo pensar sobre a criatividade nas organizações – trazido pela Google e os mais de 20 parceiros nesse novo hub de estudos sobre criatividade – também chama áreas distintas e C levels a cocriar. Ou seja: CEO, CTO, CFO, todos os gestores de alto escalão, e os times, que não costumam adentrar na “sala do marketing”, têm de participar do processo criativo.

Wrap up

Nada do que falamos é “achismo”: vem da última pesquisa de tendências da Sputnik, que fez um amplo estudo do mercado, com revisões de conceitos, bibliografias, relatórios da área de RH e de várias outras, como: ESG, inteligência artificial, mercado financeiro, moda, comportamento, e saúde. Também contou com entrevistas de mais de 20 especialistas – não só em Educação, mas também de outros territórios. E com os 9 anos de big data da SPUTNiK em educação corporativa.

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