A FAPESP lançou uma chamada pública na qual convida Fundos de Investimentos em Participações (FIPs) do tipo capital semente/multiestratégia, em fase de captação ou já em fase de investimentos e que tenham foco em empresas de base científica e tecnológica a apresentar propostas a serem avaliadas pela fundação para eventual subscrição de cotas.
Um dos critérios é que valor equivalente ao investido seja alocado em empresas participantes ou egressas do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).
A participação máxima será de até 15% do capital comprometido de cada fundo ou R$ 30 milhões, o que for menor.
“Estamos interessados em ouvir propostas de fundos de investimentos cujas teses sejam convergentes com a nossa, que é a de financiar empresas intensivas em tecnologia, sediadas no Estado de São Paulo”, destaca Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP.
Desde que foi lançado, em 1997, o programa apoiou 1.871 empresas, sediadas em 167 cidades. Algumas delas desenvolveram tecnologias hoje exportadas para diversos países.
“As empresas do PIPE enquadram-se na categoria de startups de base tecnológica. Nesse contexto, deveriam estar no radar de investidores de venture capital, que tipicamente investem nesses negócios, mas isso não ocorre”, complementa.
Uma das principais dificuldades enfrentadas por essas deeptechs para escalar mercado, identificada pela direção da FAPESP, é o acesso a outros instrumentos de financiamento e investidores que as ajudem a atravessar o “vale da morte” das startups, fase que vai da abertura da empresa ao mercado até o momento em que o fluxo de caixa passa a ser positivo.
Uma pesquisa direta feita com empresas egressas do PIPE em abril de 2021 revelou que três quartos das respondentes não receberam qualquer aporte de capital. Dentre as empresas investidas, metade reportou aportes de capital-anjo. Cerca de 20% declararam ter recebido recursos de outras empresas e um percentual similar reportou ter recebido investimentos de venture capital ou private equity.
A fim de ajudar as startups paulistas a superar esse obstáculo, o conselho da FAPESP aprovou a diretriz de investir, nos próximos 6 anos, R$ 150 milhões em novas iniciativas que visem diversificar o apoio às pequenas empresas inovadoras que tenham sido apoiadas pelo PIPE.
Entre as ações previstas estão também parcerias com plataformas de equity crowdfunding e redes de investidores-anjo, programas de aceleração e participação em fundo garantidor para tomada de crédito.
No âmbito de FIPs, além da chamada que está sendo lançada, aderiu recentemente aos fundos Criatec 4 e Indicator 2 IoT, patrocinados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com a participação de cotistas públicos e privados, nos quais aportará R$ 30 milhões em cada um por um período de quatro a 5 anos.
“Diferentemente da atuação tradicional da FAPESP no PIPE, em que são destinados recursos não reembolsáveis para apoiar exclusivamente a execução de pesquisa científica e tecnológica em pequenas empresas, as novas iniciativas proverão recursos financeiros que permitirão a essas empresas escalarem mercado”, ressalta.
A FAPESP já participa, desde 2013, da iniciativa do Fundo Inovação Paulista (FIP), criado no mesmo ano em parceria com a Desenvolve São Paulo, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). A participação da FAPESP no fundo é de R$ 10 milhões, em patrimônio total de R$ 105 milhões, mas teve grande influência na carteira das empresas investidas – mais de 50% foram participantes ou são egressas do PIPE.
Como complemento a essas iniciativas, também fará em breve uma chamada para cadastrar plataformas de equity crowdfunding e grupos de investidores-anjo.
“Essa parceria será feita por meio do programa PIPE Invest, no qual a FAPESP direciona recursos de fomento de até R$ 1,5 milhão para projetos de pesquisa em contrapartida a recursos oriundos de rodadas de investimentos nessas duas modalidades”, afirma Marcio de Castro Silva Filho, diretor científico da fundação.
A FAPESP também fará o cadastramento de aceleradoras que tenham interesse em prestar serviços para empresas do PIPE, que receberão recursos financeiros para contratá-las. Hoje a fundação já financia programas de aceleração em parceria com o Sebrae-SP e a Finep, que está em vias de lançar o edital para credenciamento de aceleradoras do Tecnova III.