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Transformando resíduos em oportunidades: um bate-papo com a pioneira da biotecnologia

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Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Nemailla Bonturi é um nome de grande destaque no mundo da biotecnologia. Ela foi parte da primeira turma de biotecnologia do Brasil e hoje está aprimorando a ciência de formas inovadoras e sustentáveis. 

Pioneira com uma visão clara e uma paixão pela biotecnologia, sua história inspiradora nos lembra que o caminho da ciência é sinuoso e cheio de desafios, mas que com determinação e inovação, o impossível pode se tornar alcançável.

Sua jornada começou no interior de São Paulo, passando pelo Círculo Polar Ártico na Suécia, antes de aterrissar na Estônia, onde ela está ajudando a moldar o futuro da tecnologia de alimentos e bioprocessos. 

Eu particularmente tive a oportunidade de conhecê-la em um evento na última viagem pra Estônia. Você pode ler mais detalhes clicando aqui.

E abaixo você confere alguns trechos da nossa conversa:

Como foi sua jornada no Brasil e sua formação em biotecnologia?

Eu sou do interior de São Paulo e fiz minha graduação na Unesp de Assis. Fiz Biotecnologia na primeira turma pioneira deles no Brasil. Após a graduação, encontrei desafios na indústria devido à falta de regulamentação da profissão, o que me levou a fazer mestrado e doutorado em Engenharia Química na Unicamp.

De onde veio seu interesse pela biotecnologia?

Desde criança assistia muita ficção científica, como Jurassic Park. Me interessava por clonagem, engenharia metabólica, biologia sintética, e desenvolvimento de fábricas celulares microbianas.

Como foi sua experiência no Círculo Polar Ártico?

Fiz um ano de estudos em Lúlio, Suécia. O frio extremo era desafiador, com temperaturas chegando a -28 graus, mas me tornou mais forte e preparada para desafios.

Você pode nos contar sobre seu tempo na Braskem e sua decisão de sair do Brasil?

Trabalhei um ano na Braskem em Campinas, mas com o problema do mensalão e o clima político complicado para cientistas no Brasil, decidi sair em 2016. Vi que na Estônia havia uma sociedade digitalizada e um forte ecossistema de startups, então decidi me mudar para lá.

Como foi a transição de cientista para co-fundadora de uma startup?

Não foi natural no começo. Os termos de negócios eram desconhecidos, e foi um desafio aprender. Mas estudei e me tornei mais confortável com essa nova pele. Fundamos a ÄIO há um ano atrás, e conseguimos fechar nosso primeiro investimento no seed round de 675.000 €.

Como é o ecossistema na Estônia?

É muito fácil conversar com um investidor aqui. Você pode simplesmente abordar as pessoas sem barreiras. Nosso próprio investidor visitou a universidade e nos conheceu. No Brasil, isso seria literalmente impossível. É, a jornada empreendedora é cheia de desafios e aprendizados. Muitas vezes, nós não nos damos conta do óbvio, porque estamos tão imersos nos detalhes técnicos ou no entusiasmo do produto. Acho que, para quem quer entrar na área de biotecnologia, principalmente em startups, é fundamental ter abertura para aprender constantemente, ter a humildade de reconhecer o que não sabe e buscar orientação. Ser resiliente é importante também, porque haverá muitos obstáculos, mas com a mentalidade certa e a rede de apoio correta, eles podem ser superados.

Acho que, para encerrar, você gostaria de deixar alguma mensagem para empreendedores brasileiros

Eu diria para quem está interessado em biotecnologia ou qualquer campo inovador, nunca desista dos seus sonhos. Pode parecer clichê, mas a verdade é que o caminho é difícil, mas a recompensa vale a pena. Investir em uma educação sólida, cercar-se de mentores e pessoas que compartilham sua paixão, e ser implacável em sua busca pela excelência fará toda a diferença. A biotecnologia tem o potencial de mudar o mundo de maneiras incríveis, e qualquer um com a dedicação e a curiosidade certas pode ser parte disso.

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Advogado de startups, head da Área legal na X-Plan Consultoria.

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