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Tendências de healthtechs impulsionam investimentos no Brasil 

Foto: Tex vector/AdobeStock

O número de healthtechs brasileiras, que são empresas de tecnologia voltadas à saúde, duplicou nos últimos 5 anos, de acordo com a pesquisa Distrito Healthtech Report Brasil 2022. O levantamento aponta que metade das startups de saúde no país foram instituídas entre 2016 e 2020. Hoje, são 542 empresas mapeadas no estudo, sendo que em 2015 esse número era de 265.

Fora a expansão da quantidade de startups, as healthtechts têm impulsionado o crescimento nos investimentos do setor. Desde 2020 até agora, o valor investido no setor representa 72,3% do valor total investido na última década. Apesar de 2019 ter apresentado um valor maior de investimento, em relação aos anos anteriores, a pandemia fez com que os aportes aumentassem em 5,1% em 2020 e 37,1% em 2021.

O estudo do Distrito também mostra um enorme crescimento do setor de saúde, não só no volume de investimentos, mas também na quantidade de novas soluções mapeadas. Com diversas tecnologias surgindo no setor, é perceptível as mudanças e novas tendências, que surgem a todo momento, como é o caso de empresas que surgem com foco na saúde e autocuidado masculinos.

Mercado global de wellness masculino

O setor de healthtech masculino tem se expandido significativamente em escala global. Em 2019, o mercado de cuidados pessoais masculinos alcançou cerca de US$ 57,7 e a previsão é ainda de mais crescimento para os próximos anos, de acordo com relatórios divulgados anteriormente pela CB Insights.

Esses números abrangem uma ampla gama de produtos e serviços relacionados à saúde, bem-estar e cuidados pessoais voltados especificamente para homens, que contam com soluções que envolvem tecnologias digitais, aplicativos móveis, dispositivos wearable e outros produtos ou serviços voltados para esse público.

Vale ressaltar que, mesmo com esse segmento em expansão, ainda há alguns desafios pela frente, como o tabu dos homens com o cuidado, uma dor cultural e social, a falta de conscientização e acesso limitado a serviços de saúde. 

A Omens, por exemplo, é uma healthtech que nasceu com o foco no autocuidado e saúde masculina. Por meio de uma plataforma digital, a empresa oferece recursos como monitoramento de saúde, orientação especializada com médicos (urologistas, psicólogos, dermatologistas e etc) e dicas personalizadas para incentivar os homens a cuidarem de sua saúde física, sexual e mental, além de oferecer produtos de beleza. Existente desde 2020, tem chamado a atenção, demonstrando o potencial desse segmento, que visa também quebrar os paradigmas tradicionais de que o homem não deve ter vaidade e se cuidar.

Por meio da Omens, aqueles que não se sentem à vontade para tratar pessoalmente de problemas referentes a saúde sexual, como ejaculação precoce, perda de libido, disfunção erétil, entre outros, seja com um urologista ou com um psicólogo, podem buscar um atendimento mais discreto, sem ser presencial“, explica o Dr. João Brunhara, um dos fundadores da Omens. 

Em 2021, a empresa recebeu aporte de R$ 1,4 milhão por meio de investidores-anjo.

Após termos a validação do MVP, no ano passado, entendemos que era hora de buscar novos investimentos para a marca, foi aí que levantamos uma rodada seed de R$ 10 milhões, liderada pela VOX Capital“, comemora Olivier Capoulade, co-fundador da Omens. 

Além disso, diversas tendências no setor de saúde vêm sendo consolidadas com forte potencial de crescimento e impacto, não só nos serviços e procedimentos médicos, mas também para a população em geral.

Femtechs 

Estas soluções possuem o objetivo de cuidar da saúde da mulher, oferecendo serviços e produtos. Muitos assuntos que eram considerados tabus, como a sexualidade da mulher e a menstruação, hoje estão começando a serem tratados de forma mais natural e aberta. É o caso da Feel&Lilit, marca de sexual wellness, liderada por mulheres que acreditam no autocuidado íntimo e no prazer da mulher como um negócio revolucionário.

A marca tem um propósito e movimento estratégico, que busca se consolidar cada vez mais forte no setor de sexual wellness, ofertando produtos e serviços que promovam uma jornada integrada na saúde íntima da mulher, que poderá conhecer melhor sua própria sexualidade“, afirma Marina Ratton, CEO da Feel&Lilit. 

Mesmo com diversas startups surgindo, produtos desenvolvidos para mulheres que menstruam são pouco vistos no mercado, que ainda carece de soluções que correspondam às necessidades específicas do público feminino. E, para suprir essa lacuna surgiu a Herself, uma das pioneiras na criação da primeira calcinha reutilizável para o ciclo menstrual e na co-criação do biquíni menstrual com tecnologia própria para performance na água. Para vencer qualquer tabu sobre menstruação, a femtech rompe com as velhas narrativas sobre este assunto, unindo produtos tecnológicos à educação, escalando assim o impacto social.

A Herself se orgulha em dizer que é um negócio de impacto com tecnologia única para calcinhas e biquínis menstruais com produção 100% nacional, onde são brasileiras que criam inovação para trazer mais liberdade e conforto para outras mulheres durante o período menstrual. Sua atuação direta na produção e distribuição de produtos tecnológicos e inovadores, pensados para resolver problemas reais, já impactaram mais de 300 mil pessoas“, conta Raíssa Assmann Kist, fundadora da marca. 

Outra femtech que vem na contramão para quebrar paradigmas é a Plenapausa, focada na mulher madura. A startup oferece  informação, cuidado e tratamento para mulheres que estão passando pela menopausa por meio de uma plataforma digital, além de possuir uma linha de suplementos que atuam no alívio dos sintomas da menopausa, que muitas vezes podem ser bem incômodos.

Iniciamos a plataforma ouvindo o nosso público-alvo: mulheres na menopausa. Após a coleta de relatos de mais de 5 mil mulheres, identificamos os cinco principais sintomas e, com isso, partimos para a fase de criação dos suplementos, buscando entregar  soluções para aliviar e levar maior conforto para essas mulheres, que muitas vezes se sentem perdidas e desamparadas“, relata Marcia Cunha, CEO da Plenapausa. 

Digital Twin

Essa tecnologia é uma representação virtual que serve como contrapartida digital em tempo real de um objeto ou processo físico, tornando possível a realização de testes, análises e ajustes de forma digital. Essa solução já está sendo utilizada em diferentes setores do mercado global, e já é possível encontrá-la em diferentes instituições hospitalares e empresas de saúde ao redor do mundo, inclusive no Brasil. 

Telemedicina 

A telemedicina, que foi totalmente impulsionada pela pandemia da COVID-19, tem ganhado cada vez mais força. A possibilidade de realizar consultas médicas, receber pré-diagnósticos e orientações sem que haja a necessidade de ir até uma unidade de saúde aproximou as pessoas do atendimento médico, principalmente para aqueles que não têm fácil acesso às instituições físicas. Atualmente, discute-se questões regulatórias que envolvem o teleatendimento médico, com regras que visam garantir maior segurança e qualidade de atendimento aos pacientes.

Open Health

Baseada no mesmo conceito utilizado no setor de finanças, o Open Banking, busca ser uma forma de garantir a transparência e promover a concorrência no setor de saúde. O Open Health tem como objetivo compartilhar os dados médicos inseridos nos sistemas de saúde dos pacientes para que as instituições consigam acessá-los para poder oferecer um atendimento mais personalizado, baseado no histórico de cada paciente. Podemos citar como exemplo os planos de saúde, que por meio do Open Health poderão oferecer serviços mais pontuais para cada pessoa, de acordo com as necessidades pessoais. 

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