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Como chegar a um Burnout

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Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Não sei se você conhece os sabotadores, mas eles existem dentro de você e são inimigos da sua mente. Dos 10 que existem, alguns se destacam mais, dependendo da pessoa e da situação. O meu maior, além do crítico, é o prestativo.

Não conseguir dizer não para as pessoas, pedidos, projetos e desafios, além de fazer com que o mundo dependesse de mim não me levou pra excelência e, sim, para o burnout. E te digo, mais de uma vez. E é sobre isso que eu quero falar hoje. 

A síndrome de burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, ficou muito conhecida nessa pandemia, principalmente agora, depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a considerá-la como uma doença ocupacional, com direito à inclusão na Classificação Internacional de Doenças (CID). 

Pois bem, não sei vocês, mas eu já conheço esse “mocinho” aí ao longo de quase toda a minha trajetória profissional. Por conta do meu sabotador “prestativo” e, também, do “hiper-realizador” (vulgo workaholic) e do “inquieto”, sempre me vi em um espiral de trabalho, projetos e funções que quase nunca eu conseguia dar conta.

Mesmo depois do meu câncer, quando me vi obrigada a parar, reavaliar a vida e cuidar da minha saúde, o burnout sempre esteve ali, me rodeando. 

Alguns não sabem, mas boa parte da minha vida vivi entre redações ou exercendo o papel de assessora de imprensa e relações públicas. Vivia em eventos, viagens, almoços e jantares. Certa vez, ainda com o filho pequeno, fiquei três dias sem aparecer em casa por conta de um trabalho com uma escola de samba. Fora isso, eu tinha que cuidar da rotina diária de mãe, da casa e de um relacionamento. Viram que eu nem coloquei “de mim” na lista, né?. Pois é.

Era comum eu sofrer crises de choro, ansiedade, explosão de raiva com pessoas próximas (e que não tinham nada a ver com o babado). Isso, mesmo depois de quase ter morrido. As desculpas dos meus “sabotadores” eram grandes e convincentes: alguém tem que colocar comida em casa, estou fazendo o que posso, não posso dizer não ou perco o cliente/oportunidade e por aí vai.

Até que um belo dia, em uma sequência de notícias difíceis, eu desliguei. Minha mão começou a tremer, o coração acelerou, tudo ficou escuro e apaguei. Não sei por quanto tempo. Mas quando acordei, não lembrava de nada e de ninguém. O lapso de memória durou pouco (poucas pessoas sabem dessa história), mas ali eu percebi que não podia mais viver assim.

Eu estava perdendo o relacionamento, não cuidava de mim (saúde e aparência), não via os meus filhos crescerem, não era reconhecida no trabalho e não tinha o dinheiro que esperava e precisava ter. Foi quando resolvi entender o que se passava comigo. Foi quando olhei pra mim e percebi que não gostava de nada daquilo que estava vendo. Resolvi mudar. Estudei, comecei a mudar alguns hábitos e comecei a trilhar o caminho no qual estou hoje. 

Algumas coisas eu perdi (ou ganhei) nesse processo, porém tudo serviu para eu aprender. Entretanto, se você pensa que hoje eu estou livre dos meus sabotadores e vivendo na plenitude, você se engana. No último ano, relaxei e me vi entrando em um novo ciclo vicioso. Mas a diferença é que, dessa vez, eu percebi antes que o estrago fosse grande. Parei, olhei em volta, percebi o que estava em descompasso com os meus valores, o meu caminho e aquilo que acreditava ser o certo. Dei alguns passos pra trás, e tudo bem.

Sigo aqui, viva, feliz, com espaços na minha agenda para mim, celebrando a vida a cada momento. E adivinha? Ganho mais do que quando trabalhava enlouquecidamente, tenho mais tempo e sou mais feliz.

E os sabotadores? Continuam aqui. Um dia fracos e outros fortes. Mas eu já os reconheço, tenho as ferramentas para lidar com isso e sigo buscando mais arsenal.

Sobre o burnout, ele está aí. As empresas precisam olhar para isso, porém se você não olhar, se você não assumir a responsabilidade e a direção pela sua vida, não tem empresa e nem Deus que faça você se livrar desse mal do século.

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Mentora de liderança com ousadia

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