Somos ensinados que, se a gente se dedicar o suficiente, vai dar tudo certo: você se forma na faculdade, consegue um emprego e, dali em diante, se empenha para conquistar as próximas etapas de experiência, cargo e salário.
Reid Hoffman, fundador do LinkedIn, conta que nos últimos 70 anos a carreira era vista como uma “escada rolante” porque era esperado que o próximo passo fosse chegar até você naturalmente:
“Uma sensação de que, se você fosse competente, se empenhasse o bastante e não tivesse azar, no devido tempo os fortes ventos às suas costas soprariam para o alto escalão”.
Aos poucos, cai a ficha de que atualmente a escada rolante não vai funcionar: o esforço, por si só, não necessariamente trará a recompensa. Em 2012, ele já contava que a realidade era essa aqui:
“Mas agora todos os níveis daquela escada rolante estão abarrotados. Muitos jovens, até mesmo os mais instruídos, estão presos no primeiro degrau, sujeitando-se a subempregos, ou desempregados. Ao mesmo tempo, homens e mulheres de 60 ou 70 anos, desprovidos de fundos de pensão, estão permanecendo no mercado ou retornando a ele em número recorde”.
GERENCIANDO A CARREIRA COMO NEGÓCIO
Diante desse cenário, também precisamos nos adaptar para analisar a carreira por outra perspectiva. O convite, nas palavras dele, é que você possa:
“Pensar em si mesmo(a) como um(a) empreendedor(a) à frente de pelo menos uma empresa startup viva, em crescimento: sua carreira”.
No ano passado, acompanhei o crescimento de mais de 244 startups e essa convivência reforçou o quanto que essas pessoas empreendedoras já olhavam para suas carreiras como se fossem um negócio:
1. FATURAMENTO: QUANTO VOCÊ PRECISA MÊS A MÊS?
Na carreira, é muito comum nos guiarmos pela lógica de “qual salário essa função recebe?”. Na startup, é diferente: “quanto preciso faturar para atender as despesas e os meus objetivos?”. Já vi negócios que ainda não tinham nem equipe, nem produto construído e, mesmo assim, tinham a ousadia de fazer esse questionamento. Sugiro que você faça também para que possa focar no que você precisa, não no que o mercado diz que seu cargo “merece”.
2. PROBLEMA: NO QUE VOCÊ PODE CONTRIBUIR?
Startups crescem conforme entendem qual problema resolvem para seus clientes, por exemplo:
- o desperdício de tempo, de dinheiro, de pessoas dedicadas para fazer algo.
- a demora e energia necessários para alcançar uma curva de aprendizado (Canva, Duolingo).
- uma necessidade emocional (Netflix), social (TikTok), física (Tembici).
Na sua carreira, qual problema você ajuda outras pessoas (físicas ou jurídicas) a resolverem? Em seu livro, o empresário sugere avaliar no que você pode se tornar uma referência local:
“Não tente ser o maior executivo de marketing do mundo. Tente ser o maior executivo de marketing de empresas de pequeno a médio porte que concorrem no segmento de assistência médica”.
3. FONTE DE RECEITA: ALÉM DO SEU SALÁRIO, O QUE É POSSÍVEL?
Os negócios sabem como é arriscado depender de uma única fonte de receita: e se aquele único cliente romper o contrato?
Então, além do salário, que é seu carro chefe, na sua realidade é possível gerar conseguir remuneração em outras atividades?
Descobrir com qual problema você pode contribuir pode ser o ponto de partida para ser remunerada(o) para propor a solução de forma autônoma, em paralelo com seu emprego.
E você não estará sozinha(o) neste movimento: só em 2020, o número de profissionais autônomos oferecendo os mais diversos serviços no na plataforma Workana subiu para 3,2 milhões.
Para que possa ter mais ideias, deixo uma indicação sobre renda extra do Me Poupe.
4. CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO: QUEM PODE AJUDAR?
Esse é o nome dado às possibilidades que uma startup pode se utilizar para oferecer suas soluções no mercado, como canais de comunicação e parceiros, por exemplo.
No seu contexto, quais comunidades, instituições, redes de mentorias, amigos e contatos podem ajudar a fortalecer sua marca profissional?
Para que possa iniciar essa busca, compartilho algumas sugestões:
- CM School, para quem atua com gestão de comunidades.
- Startup Weekend, imersão para quem quer se aprofundar no universo de startups brasileiras.
- MentoraAí, para mulheres que queiram se posicionar como mentoras ou receber mentorias gratuitas.
- Atados, para quem quer se posicionar com impacto socioambiental e não sabe por onde começar.
DICA BÔNUS: USE COMPARAÇÕES COM MODERAÇÃO
Esse artigo vem com a intenção de que você possa colher mais resultados do que já se dedica há tempos para construir.
Mas ao se comparar com uma startup, só sugiro um cuidado: o objetivo aqui é tratar a carreira como negócio, não a si mesma(o).
Então, espero que você respeite não só suas necessidades financeiras, mas as físicas e emocionais também, especialmente nos tempos que temos vivido, porque não há sucesso que justifique ultrapassar os limites da sua saúde.